A desinfecção eficaz de superfícies contaminadas é um pilar essencial na prevenção da transmissão hospitalar de patógenos. A atenção geralmente se volta para áreas de contato frequente, como grades de cama e botões de chamada. No entanto, uma pesquisa recente destaca a importância muitas vezes subestimada dos pisos hospitalares nesse cenário crítico.

Conduzido por renomados especialistas da Universidade Case Western Reserve, incluindo Sreelatha Koganti, MD, Heba Alhmidi, MD, e Curtis J. Donskey, MD, o estudo utilizou um vírus não patogênico como marcador para investigar a disseminação de patógenos através dos pisos hospitalares. Os resultados revelaram que um vírus inoculado nos pisos dos quartos hospitalares se disseminou rapidamente para as mãos dos pacientes e para superfícies de alto toque dentro e fora do quarto. Embora o estudo esteja em inglês, você pode conferir os detalhes aqui.
Surpreendentemente, os pisos hospitalares, tradicionalmente considerados uma fonte mínima de disseminação de patógenos, apresentaram-se como um elo significativo na cadeia de transmissão. Mesmo não sendo tocados diretamente, os pisos entram em contato com objetos como sapatos, meias e chinelos, que são, por sua vez, tocados pelas mãos. Objetos de alto toque, como botões de chamada e manguitos de pressão arterial, ocasionalmente entram em contato direto com o chão.
O estudo utilizou o bacteriófago MS2, um vírus RNA não patogênico, como marcador para examinar a disseminação de microrganismos dos pisos de quartos de isolamento para as mãos dos pacientes e para superfícies de alto toque dentro e fora dos quartos. Os resultados indicaram que os pisos hospitalares podem ser uma fonte subestimada de transmissão de patógenos.
Apesar das limitações, como o uso de um vírus não patogênico e concentrações elevadas nos experimentos, a pesquisa destaca a necessidade de uma análise mais profunda da contribuição dos pisos para a transmissão de patógenos. Isso inclui a investigação de potenciais modos de disseminação, como por meio de equipamentos com rodas, e a avaliação da eficácia das estratégias de limpeza de pisos em ambientes hospitalares.
Essas descobertas têm implicações cruciais para as práticas de controle de infecção hospitalar. Ressaltam a importância de considerar os pisos como parte integrante dos esforços de desinfecção, visando evitar a disseminação de doenças infecciosas em ambientes hospitalares. Estudos futuros podem explorar métodos mais eficazes de limpeza de pisos e estratégias para interromper a disseminação de patógenos provenientes dessa fonte potencialmente subestimada.
Principais normas da ANVISA para pisos hospitalares
No Brasil, a ANVISA define orientações específicas para os pisos hospitalares, e a Portaria 2916/11, em São Paulo, destaca algumas diretrizes fundamentais para os pisos industriais, que se aplicam aos pisos hospitalares. Estas incluem:
Antiderrapantes;
Fácil higienização;
Fácil manutenção;
Impermeáveis;
Laváveis;
Resistentes ao uso;
Resistentes a produtos de limpeza e desinfecção;
Revestidos com material liso.
Além disso, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 50 estabelece obrigações importantes para a instalação de pisos em ambientes hospitalares. As áreas críticas e semicríticas, onde a transmissão de infecções é mais provável, devem ter pisos com impermeabilidade menor ou igual a 4%. O uso de piso vinílico em manta é indicado, sendo econômico e duradouro.
No geral, os pisos hospitalares devem ser lisos, impermeáveis, laváveis, antiderrapantes, de cor clara, em bom estado de conservação e resistentes a lavagens. Em áreas de maior circulação, como rampas e escadas, a ANVISA destaca a importância de pisos antiderrapantes e impermeáveis para evitar acidentes.
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